Sexta-feira, 25 de Novembro de 2011

Mas por acaso até queria perder um bocadinho a falar do dia de ontem, dia de Greve Geral.

 

Ontem, graças à boleia de um colega vim trabalhar. Não por qualquer aversão particular à ideia de fazer greve mas, pelo simples facto de este período do ano ser particularmente avesso a que se perca um dia de trabalho, por mais que se possa tentar fazer qualquer coisa em casa.

 

Claro que, também durante o dia de ontem, não deixei de ir fazendo o acompanhamento dos acontecimentos do dia. Estes foram, em grande parte, semelhantes ao de greves anteriores (gerais ou não), ou seja, a eterna guerra dos números entre os dois lados da barricada, as "desvalorizações" do impacto da mesma, o transtorno e a confusão de quem não pôde/quis parar e teve que sair para trabalhar, etc.

 

A novidade, se pudemos chamar-lhe assim, passou especialmente pela disseminação de um discurso extaordinariamente irritante de quem pretendeu, à partida, deslegitimar, insultar e, de uma forma geral, contestar o acto da greve em si. Seja pela ideia de que é uma greve de uma minoria de mandriões e instalados contra uma suposta maioria de super-trabalhadores que labutam de sol a sol como mais ninguém, seja pelo facto de estarmos num período de "emergência sócio-económica" e que agora o que é preciso é "trabalhar e calar", não havendo lugar para essas ideias peregrinas de "manifestações" ou de algo como uma "greve".

Lembro-me logo daqueles artigos ou declarações de uma série de imbecis, em Março aquando da grande manifestação do dia 12, que pelo facto de um grupo de malta se dar ao luxo (malandros!) de terem portáteis e telemóveis, tinham mais era que ficar caladinhos e fazerem pouco barulho, cambada de calões!

 

Chateia-me que nesta altura do campeonato, tenham que alguns andar a fazer este tipo de defesa daquilo que é um instrumento de protesto, enquadrado legalmente no nosso regime democrático. Sujeito a abusos? Claro que sim. A forma como os piquetes são, por exemplo, usados para impedir que, no seu pleno direito, pretende ir ocupar o seu lugar de trabalho.

Ou quando as greves (ou antes "perturbações" como a CP gosta de lhe chamar) são "convocadas numa 6ª feira. Ou quando duram um mês inteiro. Isso sim é abusar do instrumento da greve.

 

Agora poupem-nos os ares enfastiados de quem parece querer dar a entender que a solução passaria por impedir pura e simplesmente o acto da greve, a bem da Nação, calculo eu...



Publicado por Bernardo Hourmat às 09:01 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Terça-feira, 15 de Novembro de 2011

No outro dia reparei num poster para o último filme do George Clooney e achei que qualquer coisa não estava muito bem. Quando olhei com mais atenção, reparei que a distribuidora do filme em Portugal mudou a revista do poster original (que era  TIME) e transformou-a na "Sábado", provavelmente numa tentativa de fazer as pessoas terem um elemento mais "familiar" no poster...?

 

 

 

As traduções de alguns títulos para o português já são, algumas vezes, hilariantes mas esta nova abordagem não deixa de ter a sua graça. Gostava de saber se na Alemanha também alteraram para o Der Spiegel ou se no Brasil passou para a Veja...Vai na volta..



Publicado por Bernardo Hourmat às 09:19 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Segunda-feira, 14 de Novembro de 2011

 

Álvaro Santos Pereira afirmou hoje que o próximo ano "irá marcar o fim da crise" e permitirá a Portugal retomar o crescimento da economia.

Segundo afirmou, "2012 será um ano determinante para Portugal e para a economia portuguesa", pois "certamente irá marcar o fim da crise e será o ano da retoma para o crescimento de 2013 e 2014".

 

 

Assim como todos os anos, há pelo menos cinco anos, deveriam "marcar o fim da crise"?

 

Pois...Então, para o ano falamos, sim?



Publicado por Bernardo Hourmat às 11:04 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Quarta-feira, 9 de Novembro de 2011

 

Embrenhados que andamos todos nas nossas próprias desgraças europeias,  a renovação da animosidade entre o Irão e Israel tem tido tendência a passar um pouco despercebida enquanto notícia digna de registo.

 

Na sequência da publicação de um relatórioa da AIEA que apresenta um conjunto de conclusões que parecem indiciar um potencial militar no programa nuclear iraniano. A publicação oficial do relatório vem, por sua vez, no rescaldo de um aceso debate tornado público por parte dos media em Israel sobre a (aparente) necessidade de um ataque às instalações nucleares em território iraniano.

 

O próprio presidente israelita, Shimon Peres, disse numa entrevista que a "opção militar" estava a ganhar primazia sobre a "opção diplomática". Esta declaração, juntamente com as notícias diárias sobre a discussão entre o poder político e militar em Israel não mostra, por si só, a iminência de um ataque. Pelo contrário, há quem considere que o agudizar do discurso por parte de Tel Aviv vai no sentido de arregimentar a comunidade internacional (nomeadamente a ONU e o seu Conselho de Segurança) para reforçarem as sanções a Teerão.

 

Por outro lado, o reconhecimento por parte da AIEA de que a utilização do programa nuclear para fins militares se mantém como opção por parte do governo de Teerão poderá levar a que quem advogue um ataque preventivo considere a sua posição "legitimada", ou pelo menos, mais legitimada do que estava anteriormente.

 

No site do Daily Beast, há uma pequena entrevista interessante feita a um dos pilotos que esteve envolvido no ataque ao reactor nuclear de Osirak (no Iraque, em '81). Apesar de não tomar uma posição acerca da necessidade (ou não) de levar a cabo o ataque, o oficial considera que (tal como em '81) o problema está na própria tomada de decisão e não no ataque em si, que o mesmo considera exequível, não obstante as circunstâncias radicalmente diferentes em termos de extensão de alvos a abater, bem como do adversário em si.

 

Dois outros contributos que já tive a oportunidade de ler são os de David Rothkopf e de Aaron David Miller, ambos para a Foreign Policy (o site encontra-se em baixo agora e não posso linkar os artigos). Em relação a Rothkopf, este argumenta que a ideia de que a Presidência norte-americana esteja relutante em envolver-se num novo conflito directo com uma potência regional como o Irão poderá não corresponder à realidade, a partir do momento em que os EUA considerem que, no seu entender, haja uma ameaça real e credível que implique algo mais do que sanções.

David Miller, pelo contrário, apresenta as maiores razões pelas quais considera uma nova "aventura iraniana" um erro e um tremento risco à estabilidade regional e internacional, que o é de facto. Desde a capacidade iraniana para orientar tanto o Hezbollah como o Hamas para "armar confusão" em Israel e contra interesses norte-americanos no Golfo, passando pelo próprio armamento de que o Irão dispõe (não estamos a falar do Iraque por alturas de 2003) até algo tão simples como cimentar e re-legitimar o governo de Ahmadinejad, com uma população preparada para cerrar fileiras perante aquilo que iriam ver como um ataque do Ocidente ao seu país.


Em resumo, os desenvolvimentos das próximas semanas têm tanto de interessante como de perigoso...



Publicado por Bernardo Hourmat às 14:31 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Terça-feira, 8 de Novembro de 2011

 

 

Dei com este pequeno artigo (por acaso, é mesmo pequeno o raio do texto!) do Henrique Raposo comentando as propostas que têm sido veiculadas para a Comunicação Social com vista à "racionalização" da nossa rede de transportes públicos.


Não me tenho como alguém que aprecia particularmente a nossa rede de transportes públicos, pelo menos a parte a que me dedico diariamente a percorrer há pelo menos 10 anos. Desde o ensino básico que frequento assiduamente os Transportes Sul do Tejo, com tudo o que isso tem de bom e, principal e infelizmente, de mau. Desde a Faculdade que passei também a andar com frequência de Metro, numa rede que pelo menos para mim, sempre me pareceu razoável e que serve a cidade de uma forma bastante boa.

 

Finalmente, desde que iniciei a minha vida profissional que me divido diariamente entre a TST, a Transtejo, a CP e a Lisboa Transportes/Vimeca. Demoro sensivelmente 1h30 desde casa até ao trabalho, ou seja, três horas no total. Para uns será muito, para outros nem tanto...Para mim já é um hábito que não custa por aí além.

 

As razões que me levam a embirrar com algumas das nossas empresas de transportes são as de toda a gente. A falta de respeito pelos horários, a escassa paciência/má-educação de muitos dos seus funcionários, a falta de condições de certas frotas (a TST é aqui a líder de mercado), a atitude em relação às greves e acções de protesto (marcadas à semana ou ao mês, com pré-avisos de dois dias ou sem qualquer pré-aviso)...Enfim.

 

No entanto e não obstante tudo isto, questiono a racionalidade de quem quer "racionalizar" a rede. Tal como diz o Henrique Raposo:

 

Já que toda a gente tem opinião sobre os transportes públicos de Lisboa, eu também gostava de dar a minha achega. É que, bem vistas as coisas, eu estou a jogar em casa. Eu tenho a pegada carbónica (é assim?) mais pequena da Grande Lisboa, isto é, eu é que sou o verdadeiro ambientalista, isto é, eu não conduzo, isto é, eu conheço os transportes públicos como a palma da minha mão. Assim de repente, tenho uma licenciatura na Rodoviária de Lisboa, um mestrado na Carris e um doutoramento no Metro. Até fiz uma pequena pós-graduação na CP. Portanto, gostava de dizer uma coisa ao senhores do governo: não encomendem estudos sobre transportes públicos a malta que andou sempre de carro, e com motorista. É esquisito

Os cortes previstos, ao nível de algumas das carreiras da Carris bem como a supressão das ligações Seixal-Lisboa são exemplos que me deixam um bocadinho baralhado e levam-me a perguntar se algum dos indivíduos que tão simpaticamente pensou nessas propostas já perdeu uma manhã no terminal do Cais de Sodré a ver a quantidade de gente que atravessa o rio. É que não estamos a falar da ligação para a Trafaria, que eu ainda concebo que possa ser eliminada...

Em nome de pseudo-racionalizações, são sempre os mesmos que vão andar a fazer ginásticas de horários, a ranger os dentes em filas para autocarros a cair, comboios grafitados e barcos do tempo da outra senhora...



Publicado por Bernardo Hourmat às 08:04 | link do post | comentar | ver comentários (4)

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