No blog Margens de Erro, de Pedro Magalhães, encontro este pequeno tesouro:
Estive hoje numa conferência sobre Matemática e Eleições. Fui falar sobre sondagens. Estavam mais de 100 pessoas na assistência. Falei de erro amostral e outros tipos de erro, de cobertura, de "não-contacto" e "não-resposta".
Muitas perguntas. Perguntaram-se se o erro amostral é afectado pela dimensão da população sobre a qual estamos a fazer inferências. Se a abstenção afecta a diferença entre as intenções de voto e os resultados, e como e porquê. Em que medida os dados do recenseamento da população são úteis para quem faz sondagens. Se sempre é verdade que as sondagens subestimam sistematicamente o CDS e, se sim, por que será. O que se faz para corrigir distorções entre a composição das amostras e aquilo que julgamos saber sobre a população? E se nós sabemos as fontes de erro "não-amostral", o que podemos fazer para as contrariar? E porque não fazemos mais e melhor?
Quem me fez estas e outras perguntas foram alunos de 15 e 16 anos do Colégio Paulo VI, em Gondomar. Não é só as perguntas terem sido boas. Foram todas curtas, muito incisivas, feitas por pessoas que perguntam porque, simplesmente, querem saber. Nada do que sucede normalmente nas conferências em Portugal ("Bem, a minha pergunta não é bem uma pergunta, é um comentário," etc). Em suma, continuo optimista.
Pois é.
Afinal, não é uma embirração só minha, o gosto que muita gente que saltita de conferência em conferência tem em dissertar 20min sobre algo que deveria ter feito sob a forma de uma pergunta. Assisti a vários casos, incluindo na minha Faculdade e pude perceber que parece ser um hábito que se cria nas próprias aulas quando, durante alguma exposição por parte do Professor, surge a inevitável interrupção de "Oh Professor, mas isso não é o mesmo que dizer [inserir verborreia de 10min que não leva a lado nenhum e é exactamente aquilo que acabou de ser dito]."
Enfim, infelizmente a vida não é um sketch de Monty Python, senão haveria sempre alguém vestido de cavaleiro e com uma galinha de borracha para calar essas luminárias.