Na edição online do Expresso, Clara Ferreira Alves fala de cinema na sua coluna.
Antes de mais, não me considero um cinéfilo. Gosto de um bom filme, seja um dito "mais comercial" ou "mais independente", "americano" ou "europeu", chamem-lhe o que quiserem.
Eu compreendo que cada um tenha as suas próprias referências, seja em termos de cinematográficos, literários, musicais, etc. Logo, terá porventura, uma maior afinidade para (no caso específico da coluna em causa) os filmes/actores/realizadores. Daí que eu compreenda perfeitamente que ela diga algo como isto:
Quando era criança ir ao cinema era uma cerimónia familiar. Punha-se um fatinho e o frontispício dos cinemas era majestoso, com letreiros de néon. As cortinas eram de veludo. Nos foyers pendiam retratos de estrelas de Hollywood em molduras doiradas. Os cartazes eram obras-primas. Comiam-se chocolates ao intervalo, e conversava-se em sussurro, respeito para com o silêncio. Ninguém comia pipocas. Valorizava-se o drama e o melodrama e Hollywood não tinha medo de finais infelizes. Os diálogos dos clássicos a preto e branco eram obras-primas. Mesmo quando incompreensíveis, como na adaptação de William Faulkner (Nobel da Literatura) de "À Beira do Abismo", de Raymond Chandler
Por outro lado, não posso deixar de concordar com aquilo que é, hoje em dia, a experiência de ir a uma sala de cinema. De facto, assistir a um filme numa das salas Lusomundo ou até nos cinemas UCI do El Corte Inglés, exige muita paciência para quem quer de facto ver o filme e não passar uma hora e meia a falar com os amigos, enquanto se bebe Coca-Cola e se comem "contentores" de pipocas...
No entanto, o texto toma um rumo mais, digamos, pateta quando se dá a entender que hoje em dia parece que não existem já "grandes actores" e que o cinema está reduzido a "videogames e comédias nulas, que fazem chorar de saudades de Lubitsch, Cukor, Wilder"... O bode expiatório referido é Leonardo DiCaprio, afirmando Clara Ferreira Alves que não veria um filme do próprio duas vezes e saiu do Inception de Christopher Nolan "a meio". Tudo bem que DiCaprio ou Brad Pitt, ou George Clooney, nunca serão um Grant, um Coopert ou um Stewart, nem poderiam ser! Assim como ninguém pode ser um DeNiro, um Nicholson ou um Pacino.
Mas voltando a DiCaprio, basta comparar aquilo que foi o Titanic com o desempenho que teve em Catch me if you Can ou em The Departed (isto para destacar dois filmes que ainda hoje vejo várias vezes e sem qualquer aborrecimento).
Clara Ferreira Alves faz um elogio aos "seus" clássicos e ao seu gosto por ir ao cinema ver um filme que considera já não ser igual hoje em dia, ao que era no seu tempo.
Mas, goste-se ou não, os "clássicos" para muitos que nasceram na década de 80 e que vão olhar para trás daqui a 10/20 anos vão ser coisas como The Matrix, Inception, Dark Knight, Wall-E, Inglorious Basterds, The Moon, Juno, The Hurt Locker, O Senhor dos Anéis, Ratatouille, There Will be Blood, Lost in Translation...See my point?
Será assim uma coisa tão horrível de conceber?
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