Até é possível compreender a necessidade de Estados manterem relações com senhores de reputação menos desejável e de carácter (no mínimo) questionável, em nome de uma hipotética "razão de Estado" e de boas relações económico-financeiras.
No entanto, depois de tanto tempo em silêncio e já depois de umas certas declarações do nosso embaixador na Líbia que, pelo menos para mim, me pareceram algo infelizes, o nosso MNE apenas tem isto a dizer:
Logo à partida, sabe a pouco. Olhando com mais atenção, a coisa não soa nada bem já que algumas centenas de mortos são reduzidos a uma "dinâmica de violência" que (supremo aborrecimento!) vem por em causa os interesses nacionais libaneses e as suas relações com a Europa e a sua vizinhança mais próxima.
Que raio, quando até o Conselho de Segurança (orgão do qual presentemente fazemos parte, depois de uma boa cartada diplomática da nossa parte) consegue expressar:
Falar em "diplomês" é essencial para a boa convivência entre estados e cuidado e ponderação devem ser dois elementos a ter em conta em quaisquer declarações públicas por parte dos Negócios Estrangeiros mas, uma vez por outra, um bocadinho mais de finca pé vinha mais a calhar.
É interessante seguir os desenvolvimentos na Líbia, tal como nos outros países que se encontram a braços cada um com as suas "revoluções". No entanto, o desenrolar dos acontecimentos no "reino" de Khadafi mostra bem as diferenças que existem, país a país, naquilo que se convenciona chamar o "Médio-Oriente".
De facto, o grau de mortandade que nos últimos dias tem passado para o lado de cá mostra bem o nível de demência do regime líbio(as declarações do General ainda ontem, saindo de uma pileca com quatro rodas e, basicamente, a dizer que ainda lá estava e que estava a chover são dignas de uma qualquer realidade alternativa) e a dificuldade que qualquer manifestação terá em correr com o senhor.
Por outro lado, chamou-me a atenção um post de Marc Lynch, num dos blogs da Foreign Policy, defendendo uma forma mais "musculada" de intervir na Líbia para lá do "por favor não bombardeiem mais" da ONU de Ban Ki-Moon. Importa aqui citar:
Há, de facto, um Estado da "Comunidade Internacional", membro das Nações Unidas que está, de forma premeditada, a mandar matar os seus próprios cidadãos. Para um "internacionalista", haveria motivos de sobra para a comunidade internacional actuar. As perguntas começam a seguir:
1. Como intervir? Com força armada? Embargos?
2. E quem deve intervir? A ONU? A NATO? A União Africana?
3. No que diz respeito à ONU e o seu CS, o que dizem a Rússia e a China? Que tipo de posição deixariam, ambos, o CS tomar?
4. Valerá a pena, ou melhor, os líbios ganharão algo com uma eventual intervenção?
5. Atendendo ao lugar que a Líbia ocupa em termos de exportação de petróleo (volta-se sempre à vaca fria, não é?) e sendo a Europa o seu principal comprador, poderia esta desenvolver alguma posição mais musculada?
São só alguns apontamentos...No tempo que aqui estive a escrevinhar isto até bem que podiam já ter corrido com o maluco mas, infelizmente, não deve ter sido o caso.
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